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Mostrando postagens de julho, 2017

Os três irmãos afortunados

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Houve, uma vez, um homem que, sentindo-se velho e esgotado, chamou os três filhos e deu ao mais velho um galo, ao segundo um alfanje e ao terceiro um gato, dizendo: - Já estou velho e meu fim está próximo; antes de morrer, porém, gostaria de fazer algo em vosso benefício. Dinheiro não possuo e isto que vos dei agora parece de pouco valor; mas tudo depende de ser usado com inteligência. Basta que procureis um país onde esses objetos sejam desconhecidos e tereis a fortuna nas mãos. Pouco depois o pai faleceu; então o filho mais velho foi-se pelo mundo afora com o galo, mas, por onde quer que passasse, o galo já era bem conhecido: via-o de longe nas cidades, no alto das torres, a girar com o vento; nas aldeias ouvia mais de um cantar e ninguém se admirava do seu; não lhe parecia, absolutamente, que viesse a fazer fortuna com o pobre galo. Tanto andou e perambulou que, por fim, foi ter a uma ilha, e lá a gente ignorava o que fosse um galo e até mesmo como se dividia o tempo durante

A mortalha do menino

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Uma mulher tinha um filhinho de sete anos, tão lindo e gracioso, que ninguém podia olhar para ele sem ficar logo cativado. A mãe amava o filho mais que tudo no mundo. Ora, o menino adoeceu, imprevistamente, e o bom Deus levou-o para o céu. A pobre mãe não se conformava e chorava dia e noite sem parar. Logo depois de sepultado, o menino todas as noites aparecia no lugar em que costumava brincar quando era vivo; se a mãe chorava, ele também chorava e, logo que raiava o dia, ele desaparecia. Como, porém, a mãe não cessava de chorar, certa noite ele apareceu-lhe vestido com a mortalha branca com que fora posto no caixão e, na cabeça, trazia uma grinalda. Sentou-se aos pés da cama da mãe e disse: - Oh, mamãe, não chores mais, senão não poderei dormir no meu caixão. A minha mortalha está sempre molhada de tuas lágrimas que, incessantemente, caem sobre ela. Ouvindo isso, a mãe impressionou-se e, desde esse dia, não chorou mais. E, na noite seguinte, o menino apareceu-lhe com uma ve

Os três irmãos

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Houve, uma vez, um homem que tinha três filhos e não possuía outros bens, além da casa em que habitava. Cada um dos filhos desejava que o pai, ao morrer, lhe deixasse a casa em testamento e o pai, que amava todos igualmente, não sabia como proceder para não contrariar nenhum deles. Vendê-la não queria, porque a herdara de seus pais e desejava transmiti-la aos filhos. Depois de muito refletir, disse-lhes: - Meus filhos, ide por esse mundo; trate cada um de aprender um ofício e, quando regressardes e mostrardes as vossas habilidades, o que realizar a melhor obra de arte, esse será o herdeiro da casa. Os filhos concordaram. O mais velho resolveu aprender o ofício de ferreiro; o segundo quis ser barbeiro e o mais novo, mestre de esgrima. Depois de combinarem a data em que deviam reunir-se novamente em casa do pai, separaram-se e cada qual seguiu o seu caminho. Tiveram a sorte de encontrar cada um o mestre da especialidade para lhes ensinar o ofício; assim aprenderam muito b

O pobre moço do moinho e a gatinha

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Num antigo moinho vivia um moleiro que não tinha mulher nem filhos. Três rapazes o auxiliavam e estavam com ele havia vários anos. Certo dia, chamou-os e disse-lhes: - Já estou velho e agora quero ficar tranquilamente sentado ao pé do fogo; aconselho-vos a correr mundo: aquele que me trouxer o melhor cavalo, herdará o moinho, em troca do qual terá que me manter até ao fim de minha vida. O mais jovem dos rapazes não era moleiro, mas simplesmente o moço do moinho, incumbido de todos os misteres grosseiros. Os outros dois consideravam-no tolo e não queriam que o moinho fosse ter às suas mãos. Ele, também, não o desejava. Assim, pois, partiram os três juntos e, ao sair da aldeia, disseram ao pobre João-Bobo: - Tu ficas aqui, porquanto, em toda a tua vida, nunca serás capaz de arranjar um cavalo. Mas Joãozinho seguiu com eles e, à noite, chegaram a uma furna; entraram e deitaram-se para dormir. Os dois malandros aguardaram que Joãozinho estivesse dormindo, depois saíram da furna

Como se repartem alegrias e sofrimentos

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Houve, uma vez, um alfaiate insuportável, que vivia a brigar com a mulher. Esta era uma criatura boa, piedosa e muito trabalhadeira, mas, por mais que fizesse, nunca conseguia satisfazê-lo; com tudo ele mostrava-se descontente. E não parava de resmungar, de gritar, de fazer escândalos, espancando, com motivo ou sem ele a pobre mulher. Um belo dia, as coisas chegaram aos ouvidos do Juiz e o alfaiate foi intimado a depor; depois, trancaram-no na prisão a fim de que se corrigisse. O homenzinho ficou preso bastante tempo, a pão e água por castigo, até que foi posto novamente em liberdade; mas antes, fizeram-no jurar que nunca mais bateria na mulher nem a maltrataria, comprometendo-se a viver em harmonia com ela, pois todos os casais, para viverem bem, têm que repartir entre si alegrias e sofrimentos. Durante algum tempo, tudo correu bem mas, em seguida, ele voltou ao seu antigo sistema de resmungar e brigar por coisas de nada. Como não podia espancá-la, em virtude do compromisso pres

O pobre e o rico

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Em tempos muito remotos, quando o bom Deus ainda andava pela terra entre os homens, certa tarde, após ter caminhado muito, sentiu-se cansado e a noite o surpreendeu antes que pudesse encontrar uma estalagem. Nisso, viu lá ao longe, na estrada, duas casas: uma grande e luxuosa, outra pequena e de aspecto mesquinho; uma se defrontava com a outra de cada lado da rua. Nosso Senhor, então, pensou: "Vou pernoitar na casa do rico, pois a ele não serei um peso." Dirigiu-se, pois, para a casa luxuosa e bateu na porta. O rico saiu à janela e perguntou ao viandante o que desejava. Nosso Senhor respondeu: - Venho pedir-vos pousada para esta noite. O rico olhou de alto abaixo o viandante e, como o bom Deus vestia-se com a máxima modéstia e não tinha aspecto de alguém com os bolsos recheados, julgou-o um mendigo; sacudiu a cabeça, dizendo com altivez: - Não posso hospedar-vos; meus aposentos estão cheios de ervas e sementes até o teto; além disso, se tivesse de alojar todos os que

Uma andorinha que canta e pula

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Houve, uma vez, um homem que devia fazer uma longa viagem; despedindo-se de suas três filhas, perguntou-lhes o que queriam que lhes trouxesse. A mais velha pediu que lhe trouxesse lindas pérolas, a segunda pediu grandes diamantes e a terceira disse apenas: - Meu pai, eu quero uma andorinha que canta e pula. O pai sorriu e respondeu: - Está bem; sé conseguir achá-la fará por trazê-la. Depois beijou as três moças e partiu. Chegando o momento de regressar a casa, levava consigo as pérolas e os diamantes para as duas mais velhas, mas a tal andorinha, que cantava e pulava, para a mais moça, não lhe foi possível descobrir em parte alguma; isso o aborrecia porque queria satisfazer a vontade da filha que era a sua predileta. O caminho que percorria devia passar por uma floresta, no meio da qual havia um suntuoso castelo e perto do castelo uma frondosa árvore. Nos galhos mais altos dessa árvore, ele viu uma andorinha cantando e pulando. - Ah chegas em boa hora! - exclamou e