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Mostrando postagens de setembro, 2017

O lobo e a raposa

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Houve, uma vez, um lobo que tinha em sua companhia a raposa; e a coitada da raposa tinha de fazer tudo o que ele queria, pois era mais fraca; por isso, ficaria muito alegre se pudesse livrar-se de tal patrão. Certo dia, em que estavam atravessando a floresta, o lobo disse-lhe: - Pelo ruivo, vê se me arranjas algo para comer, do contrário como-te. A raposa respondeu: - Conheço por aqui um sítio no qual há um casal de ovelhinhas; se desejas, podemos apanhar uma delas. O lobo gostou da ideia e concordou. Foram até lá e a raposa furtou a ovelhinha, entregou-a ao lobo e afastou- se. O lobo devorou-a num abrir e fechar de olhos, mas não se satisfez; queria comer também a outra e foi buscá-la. Mas foi tão desastrado que a mãe da ovelhinha percebeu-o e desandou a berrar e a balir tão fortemente, que os camponeses vieram correndo. Lá encontraram o lobo e o espancou, tão rudemente, que o pobre ficou reduzido a lastimável estado. Mancando e uivando, conseguiu arrastar-se para junto da

O homem e o lobo

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Houve, uma vez, uma raposa que contara a um lobo tantas histórias da força prodigiosa dos homens, dizendo que fera alguma podia resistir-lhes e era obrigada a empregar a astúcia para salvar-se deles. Ouvindo isso, o lobo declarou: - Eu, porém, se conseguisse encontrar um, o atacaria sem medo. - Se é assim, eu posso ajudar-te; - disse a raposa - vem amanhã cedo à minha casa e te mostrarei um. O lobo chegou bem cedo à casa da raposa e esta levou-o ao caminho por onde costumava passar o caçador todos os dias. Primeiro passou um velho soldado aposentado e, então, o lobo perguntou: - Aquele lá é um homem? - Não, - respondeu a raposa - já foi. Depois passou um rapazinho, que ia indo para a escola. - Aquele lá é um homem? - perguntou o lobo. - Ainda não, mas vai ser - respondeu a raposa. Por fim passou o caçador, com sua espingarda ao ombro e o facão na cinta. Quando se aproximou a raposa disse ao lobo: - Vês, aquele lá é um homem; a esse deves atacar, mas eu vou me meter

O fuso, a lançadeira e a agulha

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Houve, uma vez, una moça que perdera os pais ainda criancinha. Sua madrinha, que era muito boa, morava sozinha em pequena casa humilde, na extremidade da aldeia, e lá passava a vida fiando, tecendo e cosendo. A velha trouxe para junto de si a pobre criança abandonada; ensinou-a a trabalhar e educou-a para viver piedosamente no santo temor de Deus. Quando a jovem chegou aos quinze anos, a madrinha caiu doente e, chamando-a junto da cama, disse-lhe: - Minha querida filha, sinto o meu fim aproximar-se; deixo-te a casinha, que te abrigará do vento e da chuva. Deixo-te, também, o meu fuso, a minha lançadeira e a minha agulha a fim de que possas ganhar honestamente o pão de cada dia. Depois, colocou-lhe a mão sobre a cabeça e abençoou-a, dizendo: - Conserva sempre Deus no teu coração, e serás feliz. Em seguida, fecharam-se-lhe os olhos; quando a levaram para o cemitério, a afilhada acompanhou o féretro e, debulhada em lágrimas, prestou-lhe as últimas homenagens. Desde esse dia, a m

O copinho de Nossa Senhora

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            Certa vez um carro, transportando um pesado carregamento de vinho, atolara-se e, por mais esforços que empregasse, o carroceiro não conseguia tirá-lo do atoleiro. Justamente nesse momento, ia passando por lá Nossa Senhora que, vendo a aflição em que se encontrava aquele pobre homem, lhe disse: - Estou cansada e com sede; dá-me um copo de vinho. Eu tirarei teu carro desse atoleiro. - Com todo o gosto! - respondeu o homem; - infelizmente, porém, não tenho copo para dar-lhe o vinho. Então Nossa Senhora colheu uma florzinha branca listadinha de vermelho, chamada campânula e que tem o formato de um copinho, e apresentou-a ao carroceiro para que a enchesse. O carroceiro encheu de vinho a flor e Nossa Senhora bebeu-o. No mesmo instante, o carro desatolou-se e o carroceiro pôde continuar a jornada. Desde então, a pequena campânula ficou sendo denominada Copinho de Nossa Senhora.                              Irmãos Grimm

São José na floresta

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Houve, uma vez, uma mulher que tinha três filhas; a primeira era malcriada e má, a segunda já era bem melhor, embora tivesse os seus defeitos, e a terceira era uma criatura extremamente boa e piedosa. Entretanto, a mãe era tão esquisita, que preferia, exatamente, a mais velha e não tolerava a mais nova. Por- isso mandava, frequentemente, esta pobre criança à floresta, pensando assim livrar-se dela para sempre, pois acreditava que um belo dia acabaria perdendo-se e não mais voltaria para casa. Mas o Anjo da Guarda, que acompanha sempre as crianças piedosas, nunca abandonava a pobrezinha e guiava-a sempre pelo caminho certo. Um belo dia, porém, o Anjo fingiu não estar atento e a menina extraviou-se, não conseguindo encontrar o caminho para sair da floresta. Sozinha e desamparada, ela foi andando, andando, até ao cair da noite. De repente, avistou uma luzinha brilhando longe, longe; correu naquela direção e chegou a uma choupana pequenina. Bateu na porta, esta logo se abriu; mai

Adivinhação

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Era uma vez três mulheres que tinham sido transformadas em flores e estavam no meio de um campo; uma delas porém, podia passar a noite em casa. Um dia, ao amanhecer, no momento de voltar para junto das companheiras e transformar-se em flor, ela disse ao marido: - Se hoje pela manhã fores ao campo colher-me, ficarei livre e poderei ficar sempre contigo. E assim sucedeu. Pergunta-se, como é que o marido pôde reconhecê-la se as três flores eram exatamente iguais, sem nenhuma diferença? Resposta: como esta tivesse passado a noite em casa e não no campo, o orvalho não caiu sobre ela como nas outras. Foi por isso que o marido a reconheceu.                               Irmãos Grimm

A noiva do coelhinho

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Houve, uma vez, uma mulher que tinha uma filha e uma bela horta cheia de repolhos verdes e viçosos. Chegando o inverno, todos os dias vinha um coelhinho e comia os repolhos. Então a mulher disse à filha; - Minha filha, vai à horta e enxota o coelhinho. A moça foi e disse: - Chiu, chiu, coelhinho, não comas todos os repolhos. O coelhinho respondeu: - Vem, linda mocinha, senta-te na minha cauda e vem comigo para a minha toquinha! A moça não aceitou o convite. No dia seguinte, o coelhinho voltou a comer os repolhos e a mãe disse: - Minha filha, vai à horta e enxota o coelhinho. A moça foi e disse: - Chiu, chiu, coelhinho, não comas todos os repolhos. O coelhinho disse: - Vem, linda mocinha, senta-te na minha cauda e vem comigo para a minha toquinha! A moça não quis ir. No terceiro dia, o coelhinho voltou como sempre a comer os repolhos; e a mãe tornou a dizer: - Minha filha, vai à horta e enxota o coelhinho. A moça foi e disse: -

A morte da franguinha

Certa vez, a franguinha foi com o franguinho até a colina das nogueiras, tendo-se comprometido, no caso de achar um miolo de noz, a reparti-lo entre ambos. A franguinha achou uma noz grande, grande, mas não disse nada, pois pretendia comê-la sozinha. Mas o miolo era tão grosso que não conseguiu passar pela sua goela, ficando entalado, sem subir nem descer, e ela, com medo de morrer sufocada, gritou: - Franguinho, por favor, corre o mais depressa possível e traze-me um pouco de água, se não morrerei sufocada. O franguinho correu o mais rapidamente possível à fonte, dizendo: - Fonte, dá-me um pouco de água; a franguinha lá na colina das nozes engoliu uma noz muito grossa e está sufocando. A fonte respondeu: - Corre, primeiro, à casa da noiva e pede-lhe um fio de seda vermelha. O franguinho foi correndo à casa da noiva: - Noiva, dá-me um fio de seda vermelha; a seda é para dar à fonte, a fonte tem que me dar água, à água tenho que levar para a franguinha que, lá na colina d

O ladrão mestre

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Certo dia, estavam sentados, em frente de pobre casinha, um homem e sua esposa, descansando do trabalho. Nisto chegou uma bela carruagem, atrelada com quatro cavalos pretos, e dela apeou um senhor luxuosamente vestido. O campônio levantou-se e foi ao encontro do senhor, perguntando o que desejava e em que podia servi-lo. O desconhecido apertou-lhe a mão e disse: - Desejo, apenas, saborear um prato dessa boa comida do campo. Preparai algumas batatas à vossa maneira, sentar-me-ei à mesa convosco e as comerei com imenso prazer. O campônio sorriu e disse: - Vós sois, sem dúvida, conde ou príncipe, talvez mesmo duque; os grandes fidalgos costumam ter desses desejos! E o vosso será satisfeito. A mulher foi para a cozinha e começou a lavar e descascar as batatas, querendo fazer um bom prato de "nhoques," desses que os camponeses tanto apreciam. Enquanto ela cuidava dessa tarefa, o campônio disse ao desconhecido: - Enquanto esperamos, vinde comigo até à horta; ainda tenho

As botas de búfalo

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Um soldado que não tem medo de nada, nunca se preocupa com nada. Um indivíduo desses foi dispensado e, como não tinha aprendido a fazer nada, não conseguia ganhar coisa alguma, e ia perambulando de cá para lá e pedindo à boa gente a caridade de uma esmola. O soldado usava um velho capote e conservava ainda as botas de couro de búfalo que recebera no exército. Certo dia, andava ele através dos campos, sem rumo definido, e foi andando, andando, até que chegou a uma floresta. O lugar era-lhe completamente desconhecido, mas não se importava com isso; eis que, sentado no tronco de uma árvore caída, viu um homem muito elegante, trajando um fato verde de caçador. Aproximou-se-lhe, estendeu-lhe a mão, sentou-se junto dele e espichou as pernas. Depois, disse ao desconhecido: - Noto que usas botas finas e polidas! Mas se tivesses de andar de cá e de lá, como eu, certamente não resistiriam muito. Olha para as minhas: são de couro de búfalo e já prestaram bons serviços, contudo ainda pis