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Mostrando postagens de outubro, 2017

O fuliginoso irmão do diabo

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    Houve, uma vez, um pobre soldado aposentado que não possuía nada, nada; nem mesmo o que comer e não sabia como se arrumar. Certo dia, foi à floresta e, após ter perambulado um pouco por lá, encontrou um anão, o qual não era outro senão o próprio diabo, que lhe perguntou: - Que tens? Parece estar muito triste! - Sinto fome, - respondeu o soldado, - e não tenho um níquel sequer. - Se quiseres empregar-te em minha casa, - disse o diabo, - e ser meu criado, terás o necessário para o resto da vida. Terás de me servir durante sete anos; depois ficarás livre novamente. Mas presta bem atenção: não poderás lavar-te, nem aparar as unhas e os cabelos, e nem limpar o nariz ou enxugar os olhos. - Está bem, - disse o soldado; - já que não há outro jeito, aceito. E o anão conduziu-o ao inferno; depois explicou-lhe o que tinha a fazer; atiçar o fogo embaixo dos tachos onde se coziam as almas danadas, manter a casa bem limpa, varrer o lixo atrás da porta e procurar fazer com que tudo

A pega e o alcaravão

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Um senhor perguntou a um velho boiadeiro: - Aonde preferes conduzir a manada de gado para pastar? -Aqui mesmo, Senhor, pois o capim não é muito gordo nem muito magro; do contrário não lhe faria bem. - Por quê? - perguntou o senhor. - Estais ouvindo aquele grito rouquenho lá no pasto? - respondeu o boiadeiro, - é o grito do alcaravão, o qual em tempos idos, foi pastor assim como a pega. Vou contar-vos a história: - O alcaravão levava a manada a pastar nos campos verdejantes e gordos, onde havia flores em profusão; por isso as vacas ficavam rudes e fortes. A pega, ao contrário, conduzia os animais para o alto das montanhas áridas, onde o vento brinca com a areia, e as vacas ficavam cada vez mais magras e debilitadas. A tarde, quando deviam regressar as casas, o alcaravão não conseguia reunir as vacas, porque eram muito ativas e lhe fugiam para todos os lados. Ele, então, gritava: - Volta, malhada, volta! - mas em vão; não havia uma que lhe obedecesse ao chamado. - A pega, pe

João, o felizardo

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João servira ao seu amo durante sete anos e, um dia, disse-lhe: - Meu amo, meu tempo de contrato esgotou-se; agora quero voltar para a casa de minha mãe; dai-me o meu ordenado. O amo respondeu: - Serviste-me fiel e honestamente; tal serviço pede igual remuneração. E deu-lhe uma barra de ouro grossa, quase como a sua cabeça. João pegou o lenço do bolso, embrulhou o pedaço de ouro, pô-lo às costas e meteu-se a caminho, rumo à casa da mãe. Ia andando, sossegadamente, pela estrada afora, quando viu um cavaleiro alegre e pimpão, que vinha trotando sobre um brioso cavalo. -Oh, - disse João em voz alta - como há de ser bom andar montado num cavalo! Fica-se comodamente sentado como numa cadeira, não se tropeça nas pedras, não se gasta o calçado e se avança sem mesmo dar por isso. O cavaleiro, que ouvira o que êle dizia, parou e gritou-lhe: -Mas, João, por que andas a pé? -Que remédio! - respondeu João - Tenho este fardo pesado que devo levar para casa; é ouro, bem sei, mas

A camponesinha sagaz

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Houve, uma vez, um campônio que não possuía nem um pedaço de terra, apenas uma casinha e a filha. Esta, um dia, disse ao pai: - Deveríamos pedir ao rei que nos desse uma quadra de terra. O rei, ao saber que eram tão pobres, deu-lhes um lote que não passava de um torrão cheio de mato. Pai e filha puseram-se, com afinco, a capinar e a revolver aquela pobre terra a fim de semear algum trigo e hortaliças. Já haviam cavoucado quase todo o torrão quando acharam, semi-enterrado, um pequeno pilão de ouro maciço. - Escuta aqui, - disse o pai, - como o nosso rei foi tão generoso conosco e nos deu este campo, acho que deveríamos dar-lhe este pilão como prova de reconhecimento. A filha não era da mesma opinião e objetou: - Meu pai, se lhe levarmos o pilão há de querer também a mão-de-pilão e teremos de a procurar; portanto acho melhor ficarmos calados. O pai, entretanto, não lhe deu atenção; embrulhou o pilãozinho e foi levá-lo ao rei, contando-lhe que o haviam achado no meio da terra e

Olhinho, Doisolhinhos, Trêsolhinhos

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Era, uma vez, uma mulher que tinha três filhas. A mais velha chamava-se Olhinho, porque só tinha um olho no meio da testa; a segunda chamava-se Doisolhinhos, porque tinha dois olhos, como todo mundo; e a terceira, chamava-se Trêsolhinhos, porque tinha três olhos: o terceiro estava no meio da testa. Mas como Doisolhinhos era igual ao resto da humanidade, a mãe e as outras irmãs, detestavam-na. Por isso diziam: - Tu, com os teus dois olhos, não és nada diferente da gente vulgar! Nada tens em comum conosco! Viviam a enxotá-la de um lado para outro aos empurrões; atiravam-lhe os piores vestidos e, para se alimentar, davam-lhe as sobras de comida; torturavam-na, enfim, de mil maneiras. Um belo dia, Doisolhinhos tinha que ir levar as cabras a pastar; mas estava fraca de tanta fome porque as irmãs lhe haviam deixado pouquíssimas sobras para comer. Então se sentou à borda do campo e pôs-se a chorar; chorou tanto que as lágrimas, escorrendo-lhe pelas faces, formaram dois regatos. En

As comadres

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Aonde vais? - Para Vale. - Eu para Vale, tu para Vale; sim, sim, vamos, pois. - Tens, também, um marido? Como se chama? - Tito. - Meu marido Tito, teu marido Tito; eu vou para Vale, tu vais para Vale; bem, bem, vamos juntas. - Tens, também, um filho? Como se chama teu filho? - João. - Meu filho João, teu filho João; meu marido Tito, teu marido Tito; eu vou para Vale, tu vais para Vale; bem, bem, vamos, pois, juntas. - Tens um campo? Como se chama teu campo? - Matão. - Meu campo Matão, teu campo Matão; meu filho João, teu filho João; meu marido Tito, teu marido Tito; eu vou para Vale, tu vais para Vale; bem, bem, vamos pois, juntas. - Tens, também, um criado? Como se chama teu criado? - Faça-bem-feito. - Meu criado Faça-bem-feito, teu criado Faça-bem-feito; meu campo Matão, teu campo Matão; meu filho João, teu filho João; meu marido Tito, teu marido Tito; eu vou para Vale, tu vais para Vale; bem, bem, vamos, pois, juntas.                          

A velha mendinga

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Era uma vez uma mulher velha, mas tu tens visto de certeza uma velha ir a-implorando antes? Esta mulher pediu o mesmo, e quando ela chegou em qualquer coisa que ela disse: "Que Deus o recompensará." A mendiga veio até a porta, e não pelo fogo um ladino amigável de um menino estava em pé, aquecendo-se. O menino disse gentilmente para a pobre mulher velha como ela estava tremendo, assim, ao lado da porta, "Vem, mãe de idade, e aquecer-se." Ela entrou, mas ficou muito perto do fogo, de modo que seus velhos trapos começou a queimar, e ela não estava ciente disso. O menino se levantou e viu que, mas ele deveria ter apagar as chamas. Não é verdade que ele deveria ter colocá-los fora? E se ele não tinha qualquer água, então ele deve ter chorado toda a água em seu corpo para fora de seus olhos, e que teria fornecido duas correntes bonitas com as quais a extingui-los. Irmãos Grimm

O nabo

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Era uma vez dois irmãos, que serviam ambos como soldados. Um era bastante rico e o outro muito pobre. O pobre, para sair das aperturas, tirou o uniforme e tornou-se camponês. Lavrou e capinou bem o seu pedaço de terra e nela semeou alguns nabos. A semente germinou e brotou viçosa, mas um pé de nabo cresceu mais que os outros, tão grande e exuberante como nunca se vira. Aumentava a olhos vistos e não parava de crescer; estava tão alto que se poderia chamá-lo o rei dos nabos, porque desse tamanho nunca se vira e jamais se verá. Por fim, tornou-se tão grande que por si só enchia todo o carro, e para puxá-lo era necessária uma junta de bois. O camponês não sabia o que fazer com ele; e não podia imaginar se aquilo seria a sua sorte ou desgraça. E consigo mesmo raciocinava: "Se o venderes, quanto poderás ganhar? Comê-lo, também é tolice, pois os nabos pequenos fazem o mesmo proveito; o melhor que tens a fazer e dá-lo de presente ao rei." Se bem pensou, melhor o fez. Carre