Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Os seis criados

Imagem
Em tempos muito remotos, existiu uma velha rainha, que era feiticeira e a filha dela era a criatura mais bela do mundo. A velha rainha só se preocupava em atrair os homens para prejudicá-los; todo pretendente que aparecia, ela informava-o de que, se quisesse casar com a filha, devia antes decifrar uma adivinhação; se não o conseguisse, teria de morrer. Muitos jovens, seduzidos pela beleza deslumbrante da princesa, arriscavam-se, mas nenhum conseguia acertar a adivinhação imposta; então, sem a menor piedade, fazia-os ajoelhar e, no mesmo instante, mandava decepar-lhes a cabeça. Um belo príncipe, ouvindo falar na beleza radiosa da princesa, disse ao rei seu pai: -Deixai-me partir, meu pai; quero obter a mão dessa princesa. -Jamais! - respondeu o rei; - se lá fores irás ao encontro da morte. Não se conformando com isso, o moço adoeceu gravemente, ficando entre a vida e a morte durante sete anos, sem que médico algum pudesse curá-lo. Vendo que não tinha mais esperanças,

Os sapatos estragados

Imagem
Era uma vez um rei que tinha doze filhas, uma mais linda que a outra. As princesas dormiam todas juntas num grande salão, em camas colocadas juntinhas. Todas as noites, quando iam para a cama, o rei fechava a porta com cadeado; mas, pela manhã, quando ia abrir para que elas saíssem, o pai notou que os sapatos delas estavam gastos de tanto dançar, e ninguém conseguia saber o que se passava. Então, o rei fez uma proclamação: quem descobrisse onde as princesas iam dançar durante a noite, poderia escolher uma delas para esposa e mais tarde herdaria o trono. Mas o pretendente que nada descobrisse dentro de três dias e três noites, seria condenado à morte. Não demorou muito, apresentou-se um príncipe pedindo para tentar a prova. Foi muito bem acolhido e à noite conduziram-no a um quarto contíguo ao das princesas, onde lhe haviam preparado uma boa cama. Desse posto de observação, ele devia prestar bem atenção para ver aonde iam dançar as princesas e, para que não pudessem fazer as coi

Conto das rãs

Imagem
Era uma vez uma criancinha que, diariamente, ficava sentada no terreiro e a mãe dava-lhe sempre um prato de leite, no qual punha alguns pedacinhos de pão; esse era o seu lanche. Mas, assim que começava a comer o lanche, de uma frestazinha da parede surgia uma pequena rã, que metia a cabecinha no prato e compartilhava da refeição. A criança ficava muito alegre com essa companhia; se porventura a rã não aparecia logo, punha-se a chamá-la: - Vem rãzinha pequenina, vem depressa, bichinha; vem beber o teu leite e comer a tua papinha! A rã vinha correndo e comia com grande apetite. Mostrava-se, porém, muito reconhecida, trazendo à criança uma porção de coisas lindas do seu tesouro escondido: pedras preciosas, pérolas e brinquedos de ouro. A rã só tomava o leite e sempre deixava o pão; notando isso, a criança um dia pegou a colherinha e bateu-lhe levemente na cabeça censurando-a: - Vamos, bichinha, come também o pão! A mãe da criança estava na cozinha e ouviu o filhinho

Os espertalhões

Um dia, um camponês pegou o bordão no canto da sala e disse à sua mulher: - Catarina, tenho de sair e só voltarei daqui a três dias. Se, nesse entretempo, passar por aqui o negociante de gado e quiser comprar nossas três vacas, podes vendê-las, mas só por duzentas moedas e nem um vintém a menos, compreendeste? - Vai, em nome de Deus, que assim farei, - respondeu a mulher. - Sim, mesmo tu! - disse o camponês; - em criança caíste de cabeça para baixo e ainda estás assim até agora! Mas fica sabendo que, se fizeres asneiras, eu te pinto as costas de azul, sem necessidade de tinta, com este pau que tenho na mão; a pintura te durará um ano, não duvides. Dito isto, o homem partiu para onde devia ir, No dia seguinte, apareceu o negociante e a mulher não precisou gastar muitas palavras; ele examinou bem as vacas e, depois de perguntar o preço, disse: - Pago-as de boa vontade, é um preço de amigo. Levo já os animais. Desprendeu as vacas das correntes e levou-as para fora do estábulo

O urso e a carriça

Imagem
Num belo dia de verão, o urso e o lobo passeavam por uma espessa floresta, na melhor harmonia possível. Eis que o urso ouviu o canto mavioso de um passarinho e perguntou: -Meu irmão Lobo, que pássaro é esse que canta tão bem? - É o rei dos pássaros, - disse o lobo, - precisamos saudá-lo! Era a carriça. - Se é assim, - disse o urso; - eu gostaria de ver o seu palácio; mostra-mo. - Não é tão fácil como pensas! - disse o lobo. - Ê preciso esperar que a rainha entre. Nesse momento, chegou Sua Majestade a Rainha. Ela e o rei traziam no bico alguns bichinhos para alimentar os filhotes. O urso quis segui-los, porém o lobo segurou-o pela manga, dizendo-lhe: - Ainda não; temos de esperar que o Rei e a Rainha saiam outra vez. Observaram bem o lugar em que se achava o ninho e foram-se embora. Mas o urso não tinha sossego, queria, por força, ver o palácio do rei dos pássaros, e, pouco depois, regressou àquele lugar. O rei e a rainha acabavam de sair, e ele, espiando com muito jeito,

Fernando fiel e Fernando infiel

Imagem
Houve, uma vez, um homem e uma mulher que, enquanto eram muito ricos, não tinham filhos, mas, depois que se tomaram extremamente pobres, nasceu-lhes um menino. Agora, justamente porque eram muito pobres, não conseguiram arranjar padrinho para o filho. O marido então resolveu ir até povoado vizinho para ver se lá arranjava um. Ia andando pela estrada fora, quando se lhe aproximou um mendigo, que lhe perguntou para onde ia. O homem respondeu que se dirigia ao povoado vizinho a fim de arranjar um padrinho para seu filho, porquanto, como se havia tomado muito pobre, ninguém queria aceitar tal encargo. -    Oh, - disse o outro - se tu és pobre, eu também o sou; todavia, terei prazer em ser teu compadre. Entretanto, como sou paupérrimo, não me é possível oferecer nem um presentinho ao meu afilhado. Volta, pois, para casa e dize à comadre que o leve à igreja. Pouco depois rumaram todos para a igreja e lá já estava o mendigo, o qual deu ao menino o nome de Fernando fiel. Ao sa

O diabo e sua avó

Imagem
Houve, uma vez, um rei que estava empenhado numa grande guerra; dispunha ele de muitos soldados, mas, como era avarento, dava-lhes um soldo tão mesquinho que não chegava sequer para viver. Então reuniram-se três soldados e combinaram fugir. Um deles, porém, disse: - Como faremos? Se nos prenderem, enforcam-nos sem sombra de dúvidas. O segundo, mais otimista, retrucou: - Estais vendo aquele enorme campo de trigo? Se nos escondermos lá, ninguém nos descobrirá; o exército não pode penetrar no meio do trigo; além disso, amanhã terão que prosseguir a marcha para mais longe. Dito e feito. Fugiram para o trigal, esconderam-se o melhor que puderam, mas o exército não prosseguiu para diante e ficou aquartelado aí nas proximidades. Os fugitivos permaneceram no seu esconderijo dois dias e duas noites; a fome, porém, assaltou-os de tal maneira, que quase iam perecendo. Contudo, se saíssem de lá, a morte era mais do que certa e, então, começaram a lamentar-se: - Que adiantou a n

O fogão de ferro

Imagem
Nos tempos em que desejar alguma coisa era o bastante para vê-la realizada, houve um príncipe, encantado por uma velha bruxa, que o condenara a permanecer dentro de um fogão, abandonado no meio de uma floresta. Passou longos anos aí, sem que ninguém o pudesse libertar. Certo dia, foi ter à floresta uma princesa que se havia perdido e não conseguia achar o caminho do reino de seu pai. Estava vagando pela floresta havia nove dias, quando se aproximou do fogão de ferro e ouviu sair dele uma voz perguntando: - De onde vens e para onde vais? - Perdi o caminho do reino de meu pai e não posso voltar para casa, - respondeu ela. Então a voz do fogão disse-lhe: - Vou ajudar-te a voltar para casa em pouco tempo, se prometeres fazer o que te peço. Sou filho de um Rei muito mais poderoso do que teu pai e estou disposto a casar-me contigo. Ela estremeceu de pavor, pensando: "Santo Deus. que vou fazer com um fogão de ferro?" Mas, ansiosa por voltar à casa paterna, ela prometeu o que e