A Coelhinha das Orelhas Grandes
Aquela coelhinha era tão branca como as outras. Mas havia nela alguma
coisa que a tornava diferente das demais; o seu entusiasmo pelas próprias
orelhas. Acreditava que eram as maiores e mais bonitas de toda a região.
- Ah, como me sinto bem com essas belíssimas
orelhas! exclamou, um belo dia à porta de sua toca. São tão grandes e tão
belas!
As outras coelhas e seus respectivos maridos
admitiam que eram orelhas muito bonitas; mas nada mais. Por que ela era assim
tão vaidosa?
- A vida não depende de nossas orelhas, mas sim de
nossas patas. Quanto mais ágeis e robustas forem, melhor para nós, costumavam
dizer-lhes suas companheiras.
Mas a coelhinha não se convencia. Cada vez mais
vaidosa, passava os dias a experimentar novos penteados que estivessem de
acordo com suas esplêndidas orelhas. Não vivia para outra coisa.
Um belo dia, porém, a Natureza pôs as coisas no seu
devido lugar. O lobo encontrou sua despensa vazia e, como tinha fome, decidiu
sair para caçar. Como os outros animais de sua espécie, sentia uma atração
especial por coelhos. Assim que os coelhos daquela região viram a sombra do
lobo desataram a correr. Mas a coelhinha, ignorando o perigo que se avizinhava
e ensaiando penteado após penteado, quase não se deu conta da presença do lobo.
Felizmente, apercebeu-se no último instante e fugiu
a toda velocidade em direção à água do rio mais próximo. Desesperada, atirou-se
para dentro dele e, milagre dos milagres, suas orelhas grandes e largas
serviram-lhe para manter-se flutuando. Com elas, a coelhinha remou até estar
fora do alcance do lobo.
Que grande susto! Ela reconsiderou suas atitudes e
prometeu que, dali em diante, prestaria menos atenção às suas orelhas e mais ao
que se passasse à sua volta.
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