Dewey e a Escola Progressista
O filósofo John Dewey (1859-1952), tornou-se um
dos maiores pedagogos americanos, contribuindo intensamente para a divulgação
dos princípios do que se chamou de Escola
Nova. Entre outras, escreveu, Meu credo Pedagógico, A escola e a
criança, Democracia e educação.
Estudou
nas Universidades de Vermont e Johns Hopkins, recebeu nessa última, em 1884, o
grau de doutor em filosofia. Ensinou na universidade de Chicago, aonde veio a
ser chefe do departamento de filosofia, psicologia e pedagogia, e onde, por
sugestão sua, se agruparam essas três disciplinas em um só departamento. Ainda
em Chicago fundou uma escola experimental, na qual foram aplicadas algumas das
suas mais importantes idéias: a da relação da vida com a sociedade, dos meios
com os fins e da teoria com a prática.
Em 1904 assumiu
a direção do Departamento de Filosofia da Universidade de Colúmbia, em New
York, na qual permaneceu até retirar-se do Ensino. A partir de primeira guerra
mundial interessou-se pelos problemas políticos e sociais. Deu cursos de
filosofia e educação na universidade de Pequim em 1919 e em 1931; elaborou um
projeto de reforma educacional para a Turquia, em 1924; visitou o México, o
Japão e a U.R.S.S., estudando os problemas da educação nesses países. Ao
falecer, em 1952, com 92 anos de idade, Dewey deixou extensa obra na qual se
destacam:
Psychology (1887; Psicologia); My pedagogic creed (1897, Meu Credo
Pedagógico); Psychology and Pedagogic method (1899; Psicologia e Método
Pedagógico); The School and Society (1899; A Escola e a Sociedade); How we
think (1910; Como pensamos); Democracy and education (1916; Democracia e
educação; Reconstrucion in philosophy (1920; Reconstrução na filosofia); Human
nature and conduct (1922 Natureza humana e conduta); Philosophy and
civilization (1931 Filosofia e civilização); Art as experience (1934; A arte
como experiência); Logic, the teory of inquiry (1938; Lógica, a teoria da
investigação); Freedom and culture (1939; Liberdade e cultura); Problems of men
(1946; Problemas dos homens.
Dewey não
aceita a educação pela instrução proposta por Herbart, propondo a
educação pela ação; critica severamente a educação tradicional, principalmente
no que se refere a ênfase dada ao intelectualismo e a memorização.
Para
Dewey, o conhecimento
é uma atividade dirigida que não tem um fim em si mesmo,
mas está dirigido para a experiência. As idéias são hipóteses de ação e são
verdadeiras quando funcionam como orientadoras dessa ação.
A
educação tem como finalidade propiciar à criança condições para
que resolva por si própria os seus problemas, e não as tradicionais idéias de
formar a criança de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para um
porvir.
Tendo o
conceito de experiência como fator central de seus pressupostos, chega à conclusão de que a escola não
pode ser uma preparação para a vida, mas sim, a própria vida.
Assim, para ele, vida-experiência e aprendizagem estão unidas, de tal forma que
a função da escola encontra-se em possibilitar uma reconstrução permanente
feita pela criança da experiência.
A educação progressiva está
no crescimento constante da vida, na medida em que o conteúdo da experiência
vai sendo aumentado, assim como o controle que podemos exercer sobre ela.
É
importante que o educador descubra os verdadeiros interesses da criança, para
apoiar-se nesses interesses, pois para ele, esforço e disciplina, são produtos do interesse e somente
com base nesses interesses a experiência adquiriria um verdadeiro valor
educativo.
Atribui grande valor às
atividades manuais, pois apresentam situações problemas
concretas para serem resolvidas, considerando ainda, que o trabalho desenvolve
o espírito de comunidade, e a divisão das tarefas entre os participantes,
estimula a cooperação e a conseqüente criação de um espírito social. Dewey
concebe que o espírito de iniciativa e independência levam à autonomia e ao
autogoverno, que são virtudes de uma sociedade realmente democrática, em
oposição ao ensino tradicional que valoriza a obediência.
A
Educação, para ele, é uma necessidade social, os indivíduos precisam ser
educados para que se assegure a continuidade social, transmitindo suas crenças,
ideias e conhecimentos. Ele não defende o ensino profissionalizante mas vê a
escola voltada aos reais interesses dos alunos, valorizando sua curiosidade
natural.
De acordo com os ideais da democracia,
Dewey, vê na escola o instrumento ideal para estender a todos os indivíduos os
seus benefícios, tendo a educação uma função democratizadora de igualar as
oportunidades. Advém
dessa concepção o "otimismo pedagógico" da escola nova,
tão criticado pelos teóricos das correntes crítico-reprodutivistas.
O processo de ensino- aprendizagem
para Dewey estaria baseado em:
-Uma
compreensão de que o saber é constituído por conhecimentos e vivências que se
entrelaçam de forma dinâmica, distante da previsibilidade das ideias
anteriores;
-Alunos
e professor detentores de experiências próprias, que são aproveitadas no
processo. O professor possui uma visão sintética dos conteúdos, os alunos uma
visão sincrética, o que torna a experiência um ponto central na formação
do conhecimento, mais do que os conteúdos formais;
-Uma
aprendizagem essencialmente coletiva, assim como é coletiva a produção do
conhecimento.
O conceito central do pensamento de Dewey
é a experiência, a qual consiste, por um lado, em experimentar e, por outro, em
provar. Com base nas experiências que prova, a experiência educativa torna-se
para a criança num ato de constante reconstrução.
A pedagogia de Dewey
apresenta muitos aspectos inovadores, distinguindo-se especialmente pela oposição
à escola tradicional. Mas,
não questiona a sociedade e seus valores como estão propostos no seu tempo;
sua teoria representa plenamente os ideais liberais, sem se contrapor aos
valores burgueses, acabando por reforçar a adaptação do aluno à sociedade.
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